Sobre a vida, viver melhor, reflexões, artigos com práticas, etc. Reflexões. Postagens de cunho questionador, existencialista e/ou filosófico. Assuntos normalmente polêmicos ou com muitas perspectivas podem ser incluídos nesta categoria, assim como publicações que realmente levem a pensar e/ou discutir o assunto sob aquele viés que se apresenta.

O primeiro passo para você ter uma vida mais calma

Antes, vamos esclarecer algumas coisas.

Primeiro: não, eu não sei qual é a sua realidade. Se você precisa, por exemplo, trabalhar durante o dia, estudar a noite, e trabalhar num segundo turno de madrugada, não viver com pressa é mais difícil. Mas é ainda mais necessário.

Então, como sempre, tudo pode ser adaptado. É questão de ritmo, de prioridade e de escolha. Agora, vamos lá:

 

Ter uma vida mais calma, tranquila e paciente é possível?

a vida passa, mas não precisa ser sempre na correria


Quero crer que sim. Paciência é uma das habilidades mais incríveis. Eu imagino, claro. Porque se tem uma coisa que eu não sou, essa coisa é calma.

Eu tenho pressa. 

E a gente pode até achar lindo isso — quando eu tinha 21 eu achava. Essa fome de mundo, de vida, de experiências, de viagens, de coisas, de dinheiro, de tudo. Mas, na prática, quando se torna uma constante, e não um desejo propulsor de uma fase específica, é bastante desgastante. 

Se for o seu caso, se você sente que tem pressa e está tudo bem com isso, que ótimo: compartilhe! No entanto, se você sente o desconforto da dúvida sobre o ritmo das coisas na sua vida, talvez seja um bom momento para pensar sobre isso.


Você fala muito rápido, gesticula demais, ta sempre “correndo” para alguma coisa? Bom, se for o caso acho que não tem muito o que discutir.

Mas nem sempre vemos os sinais óbvios (estamos com muita pressa para isso) e nem sempre eles são tão óbvios assim. Eu, por exemplo, precisei fazer algumas perguntas para mim mesma:

“Por que escuto tanto ‘calma, tudo no seu tempo’, ‘calma’, ‘respira’, ‘calma’, ‘pára’, ‘calma’. Será que eu sou mesmo apressada? Ou será que tratei de me apressar ao ver a vida passar?”


Olhar para trás para olhar para dentro

Para responder a algumas dessas perguntas, acabei olhando para o ponto mais “atrás” que pude. Foi assim que confirmei como sou apressada.

Descobri que, quando eu era criança, já ficava me imaginando no futuro. Adulta. Um ótimo exemplo disso, talvez o caso mais antigo que me lembre, foi no jardim de infância. 

A professora nos levou para fora e nos convidou a sentar em círculo no gramado, para nos apresentarmos. 

Logo que ela falou o objetivo, comecei a pensar no que iria dizer, como iria dizer — como se houvesse muito a ser dito ou alguma coisa para esconder sobre minha tenra experiência.

E então, assim foi. Tudo correu normalmente e minha ansiedade foi diminuindo à medida que entendi que todos tinham mais ou menos 3 ou 4 anos, falavam só o primeiro nome e era no máximo o segundo ano “escolar” de todos.

Até que o Bruno se levantou e disse: “Oi. Eu sou o Bruno e tenho 7 anos.

chocado


Meu olhar, naquele momento, deve ter se iluminado. Estava ali um ser-humano de sete, SETE anos. Em instantes, Bruno se tornara meu objeto de admiração e respeito. 

Comecei a me imaginar com incríveis SETE anos. Como eu seria? O que eu estaria fazendo? Eu seria tão alta quanto ele? Eu teria sardas como ele? 

Eram minhas perguntas naquele momento. 

Mas não foi o que a professora havia perguntado, provavelmente mais de uma vez, já que todos estavam me olhando. E eu percebi que tinha esquecido o que eu precisava falar. 


Então este é o passo #1: Pare de tentar ludibriar sua Realidade.

Porque ás vezes, é assim. A gente fantasia com o futuro e com tudo que vai acontecer nele. E obviamente existem inúmeros problemas nisso. Mas vou citar estes:

  • Dona Realidade precisa: A gente acorda com a realidade batendo na sua porta, esperando que você execute coisas para as quais esqueceu-se de preparar-se, levando você a tentar resolver tudo antes que seja tarde.

  • Dona Realidade desiste: Ás vezes simplesmente é tarde. Corremos o risco de acordar para a realidade do presente quando ele já se tornou passado e não há mais nada para fazer.

Pelo menos comigo, acabo indo para o futuro justamente com medo de chegar num ponto onde eu não possa mais corrigir minha história — ou uma parte dela.

É o pretinho básico da minha vida: errar por medo de errar.


Dona Realidade precisa

Esse problema passou a ser mais perceptível no início da vida adulta, quando me via tendo que fazer algumas coisas ás pressas. Não estou nem me referindo a imprevistos, a momentos em que parece que tudo acontece ao mesmo tempo e são específicos. 

Estou me referindo a funções regulares. 

A tarefas frequentes e relativamente fáceis de realizar, uma vez que eu sabia como, já tinha feito e sabia que viriam, antecipadamente: trabalhos de faculdade, estudar para a prova, escrever um texto, arrumar a mala, etc. 

Essas tarefas se tornavam urgentes a medida que o tempo passava enquanto eu estava preocupada com outras coisas, que não eram urgentes ou sequer existiam. E aí eu não conseguia fazer mais nada. 

Não conseguia apreciar ou dar atenção ao que estava acontecendo ao redor de mim. Porque eu precisava estar naquele ritmo que precisava dispensar qualquer outra distração.

O cachorro latindo na rua me incomodava mais do que deveria; as pessoas falando indevidamente comigo quando notavelmente eu estava precisando concluir algo me irritavam; o barulho do telefone martelava na minha cabeça.


Dona Realidade desiste

Aí entra o segundo caso, quando a Dona Realidade “desiste”. Não precisa estar à beira da morte para passar por isso. Podem ser momentos simples. Coisas que simplesmente perdemos por não estarmos suficientemente atentos. 

A Realidade está continuamente esperando que executemos algo, ou nos dando oportunidade de executar algo: ao nos encontrar tão ocupados, ela tende a procurar outra pessoa. 

E ter pressa me levava a não prestar atenção e viver as coisas na hora certa. Eu deixava para depois as coisas “chatas” fantasiando com coisas “legais” que poderiam acontecer. 

 

Mas as coisas chatas são aquelas que a Dona Realidade nos cobra. Enquanto as coisas legais que idealizamos são aquilo ela nos oferece — mas só entrega quando prestamos atenção.

 

procrastinação e a realidade


Portanto, ao fazer as coisas com pressa, fui perdendo oportunidades de aproveitar com totalidade o que a Realidade tinha para me oferecer. Ter pressa me impedia de viver as coisas na hora certa, explorar as experiências e colheitas. 


Eu não estava prestando atenção, eu estava ocupada demais fazendo as coisas com pressa

Então eu passava a ficar apenas com as coisas que a realidade PRECISAVA que eu fizesse, do único jeito possível: com pressa. E o ciclo tornava a se repetir. Para mim, esse se tornou o pior problema. 

A sensação de que eu era um hamster, e a vida era o cientista me observando com curiosidade e dizendo aos seus colegas: incrível, ela realmente ainda não entendeu.

Quando estamos fazendo as coisas com pressa, até as coisas que poderiam ser boas e agradáveis, nos irritam. E as coisas que são desagradáveis e irritantes por si, nos levam mais rapidamente ao colapso nervoso. 

Estava na hora de fazer as pazes

Era a minha realidade.

E aquilo, claramente, não estava me fazendo bem. Estava na hora de pôr novas regras no relacionamento abusivo que eu vinha tendo com esta senhora impecável chamada Realidade.

Precisávamos de um alinhamento. Ela estava precisando ou me oferecendo coisas que eu não estava sendo capaz de entregar. 

Embora eu sempre tenha sido comprometida com metas, prazos, e em dar meu máximo para que cada coisa ficasse boa o bastante, estava pagando caro pelas minhas escolhas. 

Assim, olhar para trás, me preparou melhor para mastigar bem mastigadinho o papo passivo-agressivo da Dona Realidade. 

Identifiquei algumas percepções construídas que limitavam minhas possibilidades, analisei a origem do problema. E pude ver as coisas sob outro ângulo.

Viver tranquilamente era possível, e só dependia de mim. Foi minha vez de impôr limites. Assim, essa foi uma importante resolução tomada entre o final de 2016 e início de 2017 e que se aperfeiçoou a cada novo aprendizado:

Fazer as coisas com menos pressa

uma vida mais calma

Simples. Ao mesmo tempo dificílimo. Porque envolve hábitos, e hábitos não são como decorar uma fórmula, mas sobre entender e praticar o problema. Ou melhor, a solução.

No meu caso, precisei de alguns critérios que serviram como base e talvez te ajudem bastante. Este, este, este e mais este artigo, inclusive, falam sobre isso. Mas, basicamente, as regras principais que adotei, tiveram muito resultado e por isso indico foram:

  1. Conhecer-se: seu ritmo, prioridades, sacrifícios que está disposto a fazer;
  2. Manter as coisas arrumadas diariamente;
  3. Focar no horário que precisa SAIR, não no horário do compromisso;
  4. Ter um dresscode básico e versátil;
  5. Dizer não para coisas que não são prioridade; 
  6. Fazer coisas rápidas e urgentes primeiro;
  7. Calcular rotas antecipadamente;
  8. Criar rotinas para tarefas padrão;
  9. Anotar tudo e fazer listas mais direcionadas;
  10. Pedir ajuda e ser honesto.

 

É claro que incorporar consistência e não falhar nunca é uma equação que ainda não domino. Mas tenho entendido um pouco melhor e gostado bastante dos resultados: passei a me conectar mais facilmente com as coisas, entender melhor outras, e ser mais generosa – comigo e com os outros.

Esta é uma mudança que recomendo a todos. Ela não acontece de uma hora para outra. Depende de pequenos passos, é verdade. E é sempre incrível, porque, a cada passo que você dá, fica mais longe de onde esteve.  Pode ver novas coisas a melhorar que te levarão ao próximo degrau.

Então…que tal tentar e ver como você sente?

 

 

PRÁTICA

Para não deixarmos que minhas maluquices morram na praia, vou buscar sempre deixar uma prática: uma sugestão de algum exercício que me trouxe um bom resultado, fruto do instinto, das leituras ou das conversas com outras pessoas.

Por isso, gostaria de propor algo bem simples que, mesmo você estando com muita pressa, pode fazer.
1. Escreva em uma folha a pergunta: Por que eu tenho pressa?
2. Deixe-a visível, como em uma parede, ou em um local que você acessa frequentemente, como o banheiro uma agenda ou diário;

3. Não tenha pressa em responder imediatamente, nem pare na primeira resposta, mas anote na folha seus pensamentos. Faça isso por um tempo significativo (que tal um mês, no máximo?) até que tenha um conjunto razoável de respostas que parecem fazer sentido e servirão de subsídio para que você saiba o que pode fazer;
4. Depois, trace e se comprometa com uma ação prática e possível para adotar no seu dia-a-dia.
Se quiser, publique sua experiência no instagram e twitter usando #assimpassa ou nos envie um e-mail!

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O elemento imutável da vida

É verdade. Mais um ano se passou. E sigo acreditando nisso.

Agora faz exatamente vinte e nove anos e vinte dias desde que saí da barriga da minha mãezinha, naquele dia bonito, feliz e ao mesmo tempo triste, de três de junho. 

Isso significa que desde que estou aqui, a Terra já deu mais de vinte voltas completas ao redor do sol. Mas, para eu chegar até ali, muita coisa precisou acontecer.

Se pudesse escolher, certamente faria alguns ajustes capazes de tornar tudo mais leve. Mesmo assim, diferente do que eu dizia no passado, eu gosto de ter vindo.

Porque, é claro, eu poderia ter escolhido outro dia. Eu poderia ter vindo antes. Eu poderia ter vindo depois. Eu poderia nem ter vindo.

Mas não. E, talvez tenha acontecido do jeito que tinha que acontecer. As coisas poderiam ter sido diferentes, e minha mãe poderia gritar outro nome quando fosse brigar comigo.


Mas não.

Era para eu me chamar Eslim.

Ainda bem, naquela noite, a Lua decidiu ser tão linda, mas tão linda, que minha mãe decidiu que iria me dividir não só com o meu pai, mas com algo que, até hoje, me acalma.

E, assim, passei a me chamar Luana, nascida da Lua.

É preciso dizer que ninguém se chamava Luana e eu precisava ficar repetindo toda vez que me apresentava – o que não adiantava muito, porque logo eu escutava alguém falando Luciana, Luane, Luísa, Lúcia e até Bruna ou Camila.

Então eu não gostava do meu nome, até bem pouco tempo atrás. Só que até bem pouco tempo atrás eu não entendia uma porção de coisas (e a maioria delas segue assim mesmo).


Por outro lado, entendi outras

foi mais ou menos assim, ou o inverso


Entendi que a vida é mesmo feita de ciclos, que tudo passa, e que tudo que acontece, quando a gente aprende a respeitar e processar, acontece por alguma razão.

A partir daí existem pelo menos duas opções: acreditar nisso sem nenhum embasamento adicional (hoje sou capaz de reconhecer que nem tudo precisa de explicação) ou não acreditar tão facilmente.

Se você e o ceticismo são íntimos – e não duvide que este não deixa de ser o meu caso – há um outro viés pelo qual olhar, e você nem precisa seguir uma religião ou ser espiritualizado. Basta que você imagine o seguinte:



pode ser que a razãde as coisas “serem” somos nós que criamos a partir da interpretação que damos ao que acontece.


Basicamente, não importa no que você acredita: basta que você aceite que não pode controlar tudo. Portanto, gerenciar os acontecimentos é a única opção disponível. Fazemos isso o tempo todo. Mas o modo como fazemos dá toda a diferença.

E é assim que passa

tudo é uma questão de perspectiva


Do jeito que você escolhe olhar para cada coisa. Porque vai passar. E existe um campo fértil de possibilidades para cada uma dessas coisas.

Coisas boas, coisas ruins. Coisas neutras que ás vezes deixamos de dar atenção mas fazem uma diferença danada quando são juntadas num punhado de tempo, de anos, de experiências.

Eu precisei de tudo isso: anos, experiências, feridas abertas prejudicando minha vida, fugas e desencontros de mim mesma. Muita negação ruindo.

Foi um longo processo onde mudanças imprescindíveis aconteceram. Até que cheguei aqui: a lugar nenhum importante para alguém, mas fundamental para mim.

Porque nenhuma das minhas mudanças mudou no mais gostoso de ser eu.

 

Mudando sem mudar


Mudei muito desde aquele 1990, mas a minha essência permaneceu lá dentro, esse tempo todo, intacta.

Trocou de forma. De tamanho. Se escondeu. Aborreceu-se, omitiu-se. Hora ou outra dava um sorriso e saía dançando, mas logo se amuava num canto, cansada de ser ignorada mais uma vez.

Só quando eu senti minha falta e descobri que precisava dela para me achar, decidi encontrá-la. E descobri que eu não sou o que eu imaginava que seria aos 29.

Se teve uma coisa que eu não me tornei, foi a Luana adulta que eu imaginava quando criança. Essa “Luana de 29 anos” não chega nem perto daquela projetada pela mente da Luana de quatro, doze, dezesseis.

Ainda bem.

Eu gosto muito mais dessa versão.

Nela eu aprendi uma porção de coisas que nem minha idealização infantil mais bonita seria capaz de supor. A maioria delas não são coisas fáceis de explicar, tangibilizar, ensinar.


Mas eu vou tentar. É por isso que estou aqui.

Então, prometo ser sempre honesta. Porque você precisa saber algo sobre mim: não consigo dizer algo em que eu realmente não acredite com toda minha força.

Por outro lado, como você pode ter notado, acredito que mudar de opinião, de ideia, de sonhos, faz parte de crescer – foi assim comigo, e se você está presente é ou será com você também.

Portanto, esteja ciente: estou muito longe de ter respostas – inclusive, faz tempo, elas deixaram de ser objeto de desejo. Porém, sigo curiosa.

Metamorfose Ambulante - Raul Seixas
“Prefiro ser essa metamorfose ambulante. Mas sou inevitável e tô vivão, seus bosta.”


Assim, espero que você entenda e lembre que nada do que trago são paridas como verdades absolutas. São percepções que decidi compartilhar por entender que podem ser construtivas em algum ponto da SUA jornada, como foram ou têm sido da minha.

Também não tenho intenção de agradar você.

Mas sou ousada o suficiente para sonhar que um dia, você entenderá algo novo sobre você mesmo enquanto estiver lendo algo por aqui, algo que te ajude a ser de um jeito que te deixe mais feliz.

Então, eu espero, do fundo do meu coração, te ajudar a encontrar suas peças e montar pelo menos um pedacinho do seu quebra-cabeças, enquanto quebro a cabeça buscando caminhos para decifrar o meu.

Sinta-se em casa. Senta aí e fica a vontade.


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