O guia completo da Zona de Conforto – Coisas para jogar fora

Nem todo clichê é ruim. Mas a gente só pode descobrir pensando sobre eles e realmente decidindo que lugar terão na nossa vida. E a tal 'assustadora' zona de conforto é a estrela de hoje. Até que ponto realmente devemos nos preocupar? O conforto é ruim?
zona de conforto não é ruim

É possível que você não goste do que eu vou dizer. 

Produtividade. Alta performance. Mindfulness. Zona de conforto.

Toda essa porcaria. Sabe o que você faz com elas? Joga no lixo. Elas não servem para nada se você não estiver bem posicionado. Mas vamos por partes porque eu quero continuar sua amiguinha (talvez). 

Hoje vou falar só da segunda. Porque ficaria ainda mais enorme (?).

Então decidi ampliar minha singela “homenagem” às afirmações que nos entregam na bandeja na tentativa de que sirvamoss aos outros buscando impressionar.

Ao invés de um único artigo contra uma única “verdade incontestável”, decidi começar uma série (nada planejada) para combater essas coisas que ficam na boca do povo e nem sempre fazem sentido.

Como você pode já ter sacado meu motim, aproveito para avisar e me desculpar: esse artigo ficou gigantão. E precisava ser assim. No entanto, como sou incrível razoável decidi pôr um sumário para te ajudar, caso você esteja com preguiça seja uma pessoa objetiva e assertiva e não queira ler todas as ponderações que antecederam conclusões.

  • Zona de conforto: por que mesmo isso é ruim?
    Aqui vou falar bem brevemente da minha cisma com o termo e parte da minha motivação para escrever esse post – prometo não te encher muito o saco.

  • Afinal, o que é “Zona de Conforto”
    Discuto sobre de onde surgiu essa merda a suposta origem do termo e começo a te encher um pouco o saco.

  • Ok, vamos de base científica 
    Não ronca. Essa parte é importante pra você entender porque não faz sentido nenhum o uso tão enriquecido de um termo tão pobre baseado na interpretação rasa de coisas bem mais legais (e algumas óbvias graças aos avanços e etc)

  • Finalmente posso dizer
    Finalmente falo o que queria falar desde o início mas precisava de uma introdução bem embasada para mandar para longe umas coisas bestas que surgem e os problemas que elas geram:

    1. O problema das interpretações genéricas
    2.  Culpa e vergonha.
  • Joga fora no lixo, e ponto.
    Finalizo enchendo quase nada o seu saco com coisas que você pode tentar lembrar quando alguém mal-informado sobre o tema ou sobre a sua vida e não tão bem-intencionado vir com conversinha explanações pouco aprofundadas.

Zona de conforto: por que mesmo isso é ruim? 

zona de conforto não é ruim

Foi essa a pergunta que eu estava me fazendo um dia. Confesso que me senti envergonhada. Culpada. Constrangida. Eu não podia falar aquilo para ninguém. Ninguém poderia descobrir que eu tinha  minhas considerações a respeito de algo aparentemente tão óbvio para todo mundo. 

Até que confiei a inquietação para uma amiga. Já estava lá, me preparando para a derrota de um jogo que eu entrei em campo para perder. 

E então ela me disse algo como: “poisé, né?! também não entendo”. Essa reação, vinda de uma pessoa incrível, extremamente profissional, competente, engajada com sua carreira e, por que não dizer, workaholic me surpreendeu e me pegou de “calça curta”.

Conversando sobre o assunto e depois estendendo a outras pessoas de variadas perspectivas e estilos de vida cheguei à conclusão que esse assunto, em algum momento, se tornou um tabu. Entrou no grupo daquelas coisas das quais você não pode discordar: 

Sim. Este é um fato consumado. O céu é azul tanto quanto zona de conforto é um lugar horrível para se estar, se é o seu caso, nossos pêsames! Você precisa sair dela/você está sendo preguiçoso/você vai ficar para trás/várias outras coisas do gênero.


Isso me faz pensar em um artigo recente da Freaknomics Radio que mencionava um problema chamado illusion of explanatory depth (ilusão de profundidade explicativa), investigado por Leonid Rozenblit e Frank Keil há alguns anos e ajustado mais recentemente por Steven Sloman. 

Este conceito diz respeito ao “fenômeno” que leva as pessoas a acreditarem que sabem sobre um determinado assunto. No entanto, quando suas explicações são solicitadas, elas simplesmente não são capazes de fazê-lo da mesma forma lógica e coerente com que concluíram determinados conteúdos. 

Essas coisas costumam me incomodar. E não por motivações egoístas ou como postura defdensiva. As pessoas dizem uma porção de coisas sobre mim, mas eu não lembro de alguém ter mencionado: “ei, você está bem acomodada aí, não é mesmo?”.

Porque, infelizmente, eu vivo inquieta. Sem querer, busco o desconforto. Portanto, esse lugar “horrendo” nunca deixou de ser algo que me intrigava e me atraía: “Gente, existe mesmo um lugar onde você vai lá e fica benzão e tudo bem? Gosto.”.

No entanto, eu vejo isso o tempo todo. Pessoas dizendo para outras pessoas como elas deveriam estar se sentindo mal por não estarem se movendo do modo que o mundo, outras pessoas e aquele renomado CEO que todo mundo venera (mas cuja empresa poucas pessoas conhecem). 


Afinal, o que é Zona de Conforto? 

Então ta. O que é mesmo essa tal de Zona de Conforto que tem gente que gosta tanto de falar? Não a coisa óbvia. Eu sei que você sabe o que é se tivesse que falar rapidamente sobre ela. Mas, e se tivesse que analisar BEM direitinho, se tivesse que explicar tintim-por-tintim para um alienígena visitando nosso planeta?

explicando zona de conforto não faz sentido
assista essa série, sério


Vamos lá, nosso amigo WikiPedia diz:

Na psicologia a zona de conforto é uma série de ações, pensamentos e/ou comportamentos que uma pessoa está acostumada a ter e que não causam nenhum tipo de medo, ansiedade ou risco. Nessa condição a pessoa realiza um determinado número de comportamentos que lhe dá um desempenho constante, porém limitado e com uma sensação de segurança. Segundo essa teoria, porém, um indivíduo necessita saber operar fora de sua zona de conforto para realizar avanços em seu desempenho – por exemplo no trabalho – eventualmente chegando a uma segunda zona de conforto. Atualmente já foi concretizado que indivíduos mais bem sucedidos operam com frequência fora da zona de conforto, expandindo cada vez mais o número de dificuldades que conseguem superar.


Bem, parece que é isso mesmo. Ao que tudo indica, esse conceito pode ter tido origem na psicologia behaviorista em 1908 (!) quando Robert M. Yerkes e John D. Dodson fizeram um experimento voltado a entender a relação entre velocidade de aprendizagem e níveis de excitação.

Eles observaram que ao levar pequenos choques elétricos o ratinho (desculpe) sentia-se “motivado” a completar o labirinto, mas se a intensidade dos choques aumentava o desempenho apresentava resultados inversos, levando-os a correr com a intenção desesperada de escapar.

Assim, a conclusão foi que níveis ideais de excitação (nesse caso representada pelos choques leves) ajudam a concentrar a atenção na conclusão da tarefa em questão, mas apenas até um determinado ponto.

Ou seja, se você decide saltar de paraquedas pela primeira vez, naturalmente estará com algum um nível de ansiedade. Quando o grau de estresse provocado pela ansiedade for “ideal” você será levado a se concentrar naquilo, respeitar o processo e as instruções atentamente e concluir a “missão” do jeito que espera.

Por outro lado, se o estresse provocado pela ansiedade for muito alto, você facilmente poderá ficar atrapalhado, pensando, por exemplo, em como aquilo pode dar errado, não prestando atenção nas instruções ou sair correndo para o banheiro fugir.

Ok. O que é que tem?! Eu diria que tem muito. Mas vou começar pelo mais óbvio:


a única relação “científica” do termo Zona de Conforto é um experimento feito há mais de cem anos atrás, sobre velocidade de aprendizagem e níveis de excitação, em que o termo “comfort zone” nem sequer aparece.

É claro, fui apenas até a página quinze do Google (muito descuidada) e você pode me desafiar descobrindo algo diferente disso. Mas pelas minhas leituras posso supor com alguma confiança que esse termo surgiu de uma interpretação do estudo, conhecido como Lei de Yerkes-Dodson ou U invertido.

Como a maioria dos itens que entram no não-tão concorrido grupo das coisas-absolutas-sem-devido-embasamento, em algum momento alguém entendeu e disse algo que rapidamente transformou-se num telefone sem fio no emaranhado de informações, comportamentos de consumo criados, reinventados e mascarados, e assim nasceu uma nova verdade. 

“Se você continuar gostando mais de sorvete de café ao invés de chocolate, será incapaz de meditar porque estará entrando na curva de distração viciante.”.


Isso faz sentido para você? Se você gostasse de sorvete de café e alguém te dissesse isso, sairia distribuindo a informação e sequer questionaria? Bem, suponho que foi algo assim que aconteceu em algum momento.


Ok. Vamos de base científica

origem da zona de conforto e lei de yerkes-dodson
sacou?

 

Aparentemente, a chamada “zona de conforto” seria algum ponto na curva de desempenho, antes do ápice (ponto ideal de ansiedade) do desempenho. Nos gráficos representativos geralmente aproxima-se muito mais do tédio.

Ou seja, não é exatamente sobre um desempenho RUIM. Tanto que, no próprio estudo, este era considerado um ponto de desempenho estável, constante. Ponto. Apenas isso.

É preciso dizer que respeito muito afirmações embasadas empiricamente. Portanto, mesmo se partirmos do princípio de que aquilo que foi comprovado não pode ser derrubado por achismos, encontraríamos objeções que até Yerkes e Dodson facilmente concordariam.

Por exemplo: ainda que níveis de ansiedade possam afetar nosso desempenho, não há um copo medidor de qual seria esse nível. 

Esses indicadores só são possíveis com laboratórios, neurotransmissores e outras coisas que normalmente não fazem parte da nossa rotina. Portanto, qualquer pessoa que queira afirmar que uma outra está em sua “zona de conforto” precisaria carregar algo mais que as convicções adquiridas.

Outro ponto é que, em tarefas simples e operacionais (organizar coisas numa caixa) o nível de estresse tem menor poder de influência. Enquanto que tarefas mais complexas (tomar uma decisão que pode matar uma pessoa, como as que os cirurgiões cardíacos passam, por exemplo) são mais propensas a sofrerem as influências dos baixos ou altos níveis de ativação/excitação.

Faz sentido porque tem uma relação direta com o peso da decisão, que varia conforme as possíveis conseqüências no resultado final (errar o lugar do objeto na caixa é muito mais banal que a vida de alguém, a não ser que você seja psicopata). 

Mas não é só a complexidade da tarefa que é contabilizada nessa lógica. O modelo considera outras variações, que inferem em diferentes medidas conforme o indivíduo, já que considera-se quatro fatores que afetam a curva: habilidade, personalidade, traço de ansiedade (nível de autoconfiança) e complexidade da tarefa.

Assim, extrovertidos parecem lidar melhor com a pressão do que introvertidos, que costumam apresentar desempenhos melhores na ausência de pressão – o que foi confirmado por outros novos estudos, que sugerem que a lei do U invertido não funciona para todos, inerentemente ao elemento habilidade ou autoconfiança.

Antes disso, inclusive, várias pesquisas surgiram, indicando que a correlação de excitação e desempenho existe – como a de Broadhurst (1959), Duffy (1957) e Anderson (1988)  – embora as causas ainda não tenham sido estabelecidas com sucesso. (Anderson, Revelle, & Lynch, 1989).  Se quiser, você pode ler aqui uma das mais recentes e expressivas, feita pela NASA em 2004. 


Finalmente, posso dizer


Então…vamos parar de usar esse termo?! Convoco a todos que estão lendo (e entenderam os porquês), de pararmos de usar termos como “zona de conforto”, como se eles realmente significassem algo muito sério e verdadeiro.

Porque eu realmente gostaria muito de saber quem usou o termo pela primeira vez, já que desde sempre tive desconfiança de que dois cientistas (ainda que do século passado) pudessem remeter o nome zona de CONFORTO a algo tão desconfortável. Portanto, se você descobrir ou souber, por favor, me avise!

Afinal, desde os primórdios buscamos o conforto. Foi graças a isso que sobrevivemos: descobrimos o fogo, aprendemos a construir casacos, a endireitar a postura para não sobrecarregar a coluna com nosso cabeção, a criar ferramentas para construir outras coisas, e assim sucessivamente (inclusive, recomendo esta leitura que fala bastante disso).

Para título de curiosidade, a palavra conforto vem do Latim Confortus (con – junto e fortus – forte, intenso), significando, literalmente, algo como “com força, com intensidade”. Uma das teorias é que, com o surgimento do termo “dar uma força” (ou seja, oferecer apoio e amparo em momentos difíceis) a palavra foi ganhando um novo sentido, de suavizar, aliviar. E, por fim, levando ao significado de atmosfera agradável, de um estado emocional ou local onde se sinta amparado, acolhido. 

Vamos logo esclarecer: deixar de fazer algo por medo, por se julgar inferior ou incapaz e ficar ali se sentindo infeliz, miserável, arrependido e/ou um bosta porque sua vida não está como você gostaria não tem, absolutamente, NADA a ver com conforto (lembra da época do discurso efeito estufa/aquecimento global? mesma coisa).

Porque estar num ponto, querendo estar em outro, não tem absolutamente nada de acolhedor e, portanto, nada de confortável. Neste caso, a palavra ideal poderia ser, quem sabe, acomodação, cuja origem significa “maneira satisfatória, modo adequado“. Bastante a ver com o sentido daquilo que é mediano e/ou ordinário comumente associado nos discursos pró “ouf of the box“. 

Para mim, esse sempre foi o topo do desconforto (como já disse aqui, meu maior medo é olhar para trás e sentir que fiz tudo errado).

Da mesma forma, se arriscar, vender tudo para realizar o sonho de viajar, abrir a própria empresa, se demitir de um emprego estável ou recusar uma oferta irresistível. Decidir casar ou decidir nunca casar nem ter filhos. Fazer uma faculdade ou decidir não fazer uma faculdade.

Fazer uma especialização para ser foda num determinado assunto, ser líder ou ser “súdito” – tudo isso e milhares de outros casos apresentam tanto conforto quanto desconforto.

A única diferença é que as pessoas aceitam (conscientemente ou não) desconfortos diferentes.

Alguns são constantemente motivados pelo risco, pela pressão, pela dor. Eles geralmente vivem em picos e precisam aceitar o desconforto que vem como conseqüência dessa escolha.

Outras pessoas buscam sistematicamente a estabilidade e a segurança, e precisam aceitar o desconforto que vem do medo, da não-aceitação, de talvez não ter ganhos significativos como aquela amiga que investiu na bolsa e foi para outro patamar de estrutura financeira.


Se somos perfeitamente capazes de entender e aceitar que cada escolha tem um peso, que todo espetáculo tem um bastidor, que toda conquista tem prioridades e sacrifícios, também somos perfeitamente capazes de entender que não faz sentido nenhum nos preocuparmos tanto com “zona de conforto”, já que conforto, sucesso e felicidade são diferentes para cada um.


Por isso fico incomodada com termos jargonizados-gurulizados-demonizados-exaltados-etc. Porque: eles tendem a perder sentido se a gente pára para questionar, analisar, investigar e entender bem bonitinho; eles geram problemas de interpretação devido a conclusões generalizadas; eles promovem embaixadores da culpa e vergonha.

1. O problema das interpretações genéricas

Se você disser, em um ambiente ou pessoa totalmente focado em alto desempenho, competitividade, produtividade e afins: “Eu gosto de estar confortável. Qual o problema?”

Você provavelmente ouvirá frases do tipo:

  • O problema é que se você ficar confortável, não vai mudar e evoluir;
  • O problema é que você vai se contentar com aquilo ali e vai se aconchegando;
  • O problema é que você vai parar de buscar coisas novas que te desenvolvam; 
  • O problema é que você vai esquecer que a vida é mais que isso;
  • O problema é que você pode ficar para trás;
  • O problema é que quando a vida te cobrar você não estará preparado (a).

Eu sei disso porque pesquisei muito e foi o que encontrei. São respostas mais ou menos assim que normalmente vêm. E, bem, existem pelo menos dois pontos a respeito:

a. Se buscar o desconforto é importante para você, é claro que tudo bem. Mas isso é como: “ei, tudo bem se você preferir tomar banho de água gelada logo cedo quando estiver 4 graus; tudo bem se você gosta mais de rúcula do que de brócolis; tudo bem se você prefere sorvete de café do que de chocolate”. Ou seja: tudo bem se algumas pessoas fazem uma coisa e outras não, gostam de uma coisa e outras não.

b. Até que alguém importante diga que água gelada, rúcula e sorvete de café são certamente a única escolha plausível, é natural que você não aceite que alguém te diga, sem qualquer explicação razoável e racional, que justo a sua opção é a errada.

2. Culpa e vergonha: as ferramentas dos embaixadores da “zona de conforto”

Gostar do conforto, de estar bem, feliz e satisfeito na “zona de conforto” não é impossível até que alguém diga: “ei, você não será feliz aí, você sabe disso, não é mesmo?”.

A armadilha parece ser exatamente essa.

Ninguém pode estar confortável na zona de conforto. Se alguém estiver sorrindo quando estiver naquele lugar horrível, você precisa mostrar a ele(a) sua terrível realidade. Está nas suas mãos salvar alguém que acha que está bem e feliz com suas medidas de conforto e desconforto, fruto das decisões de cada um. A felicidade que alguém aparenta quando estiver lá não é real. Acredite em mim. Sua missão é fazer com que a vítima perceba.


E aí tooodo mundo parece fazer exatamente isso: deixar alguém se sentir culpado por estar satisfeito do jeito que está. 

Mesmo artigos bem intencionados na internet parecem carregar uma ameaça velada àqueles que estão “naquele lugar”. É fácil encontrar coisas como: “A não ser que seu objetivo de vida seja ficar estagnado. A escolha é individual e as consequências são a médio e longo prazo.”. O que significa, basicamente:

se você quer mesmo isso, tudo bem, mas pode se preparar porque você vai se foder em algum momento, mesmo que demore a sua vida toda, eu tenho certeza que você vai se arrepender dessa decisão.


Embora eu nunca tenha precisado disso para me sentir desconfortável e raramente precisei ser cutucada pelos outros, eu mesma fazia isso por mim. Eu sei o preço que isso me causou. E por isso me incomoda que alguém assuma esse papel de embaixador da vergonha. 

Porque o conforto, essa coisa de estar parado, sentado, vendo um filme besta sem culpa, sem pensar que deveria estar fazendo algo importante e significativo e produtivo era algo que eu invejava.

Então, vejo da seguinte maneira:

  • Quando você está sentado felizão no sofá gostoso vendo Sherlock uma série Netflix você está CONFORTÁVEL, portanto em uma ZONA DE CONFORTO.

  • Se você está sentado no sofá gostoso vendo Sherlock uma série Netflix pensando que gostaria de ter um blog reconhecido sobre outra coisa isso é DESCONFORTÁVEL, e esta é sua ZONA DE DESCONFORTO

  • E quando está felizão no sofá gostoso vendo Sherlock uma série Netflix você está CONFORTÁVEL, portanto em uma ZONA DE CONFORTO e a tendência é que continue assim, até que alguém te convença de que não está:

    Ei você está na sua zona de conforto e precisa sair dela. Tinha é que estar estudando agora, ganhando dinheiro, achar um emprego para usar terno ou beber durante o expediente numa empresa moderna. Fazer uma pós-graduação, sei la! Todo mundo ta fazendo isso e você ai perdendo tempo.


 

Ver alguém tentando tirar a paz de outra pessoa sob a alcunha de salvador, de bondoso, de mestre, normalmente me leva a concluir quem precisa mesmo de ajuda.

É verdade: ás vezes a gente ta fazendo burrada, repetindo o erro, ficando descontente com a própria vida dia após dia simplesmente por preguiça ou por outras formas de limitações que colocamos a nós mesmos e não fazem sentido. 

Então, ainda bem, existem pessoas da nossa confiança, que nos conhecem realmente, que têm intimidade e embasamento o suficiente para dizer: “cara, isso não ta legal, eu to vendo que você não ta bem, por que não tenta mudar?”.

Isso é muito bom. Mas na grande maioria das vezes não vem dessas pessoas.

Em outros casos, alguém pode estar lá, na demonizada, subjetiva e relativa “zona de conforto” porque ainda não desenvolveu ou adquiriu todos os recursos que julga necessários para sair “de lá”.

Porque sente que realmente não está preparado(a) emocional, física ou financeiramente. Porque simplesmente ainda não é a hora.


Ao contrário do que dizem alguns, quando chega a hora, a gente sabe, se vira, encara e resolve. A vida é assim. E é linda. E tudo bem. Cada um do seu jeito. No seu ritmo.

Afinal, se você não puder conduzir nem a sua própria vida do jeito que considera mais adequado, não há nada mais que você poderá controlar.


Joga fora no lixo, e ponto.

Liberte-se dessas porcarias. Leia seu romance. Veja aquele filme besta para desligar o cérebro. Vai viajar pelo mundo. Vai fazer sua pós. Marca de ver aquela sua amiga. Fica no scroll do instagram. Enfim! 

Entenda e lembre-se de que sim, você pode ser um adorador da “zona de conforto” e:

  • ter muito sucesso (porque sucesso é você que define);

  • ser realmente muito feliz (porque felicidade não depende do ritmo com que você se move mas se você está se movendo no seu ritmo e respeitando isso);

  • não estar na zona de conforto (porque, afinal, conforto quem define é você);

  • buscar evoluir, se desenvolver e aceitar mudanças (porque evolução é o que acontece dentro de você, e pode acontecer mesmo que para os outros você esteja “parado”).

Em resumo, se eu pudesse te dar uma recomendação seria: entenda quem você é, o que é importante para você, quais são suas prioridades, quais são seus desconfortos e como eles interagem com aquilo que você busca para sua vida.

Descubra quais sacrifícios você está disposto a fazer, que palco te estimula aos bastidores. Busque profissionais qualificados, cerque-se do que complementa não do que intoxica.

Se você é do tipo embaixador: reflita. Nem sempre você está certo, nem sempre é o melhor momento, nem sempre é você a pessoa que deve falar isso. Foque no que é interessante para você e deixe que os outros façam o mesmo.

Isso se aplica a qualquer coisa bonita, “chique”, pronta, impressionante que as pessoas vivem falando por aí. Sabe o que você faz com isso? Investigue. Questione. Dialogue. Assuma os riscos de pensar e se expor.

E se isso realmente não fizer sentido nenhum, não se encaixar na sua vida, na sua realidade, joga fora no lixo.


PRÁTICA

Para não deixarmos que minhas maluquices morram na praia, vou buscar sempre deixar uma prática: uma sugestão de algum exercício que me trouxe um bom resultado, fruto do instinto, das leituras ou das conversas com outras pessoas.

Hoje tá fácil. Reflita sobre sua vida e questione se você está realmente abaixo do que deseja (não do que desejam para você), ou se o sentimento de culpa e vergonha vem mais de fora que de dentro. Só. E se realmente estiver incomodado, por você, entenda porquê e trace um plano objetivo. 
Se quiser, publique sua experiência no instagram e twitter usando #assimpassa ou nos envie um e-mail!

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