O elemento imutável da vida

E, talvez tenha acontecido do jeito que tinha que acontecer. As coisas poderiam ter sido diferentes, e minha mãe poderia gritar outro nome quando fosse brigar comigo. Mas não.
O elemento imutável da vida

É verdade. Mais um ano se passou. E sigo acreditando nisso.

Agora faz exatamente vinte e nove anos e vinte dias desde que saí da barriga da minha mãezinha, naquele dia bonito, feliz e ao mesmo tempo triste, de três de junho. 

Isso significa que desde que estou aqui, a Terra já deu mais de vinte voltas completas ao redor do sol. Mas, para eu chegar até ali, muita coisa precisou acontecer.

Se pudesse escolher, certamente faria alguns ajustes capazes de tornar tudo mais leve. Mesmo assim, diferente do que eu dizia no passado, eu gosto de ter vindo.

Porque, é claro, eu poderia ter escolhido outro dia. Eu poderia ter vindo antes. Eu poderia ter vindo depois. Eu poderia nem ter vindo.

Mas não. E, talvez tenha acontecido do jeito que tinha que acontecer. As coisas poderiam ter sido diferentes, e minha mãe poderia gritar outro nome quando fosse brigar comigo.


Mas não.

Era para eu me chamar Eslim.

Ainda bem, naquela noite, a Lua decidiu ser tão linda, mas tão linda, que minha mãe decidiu que iria me dividir não só com o meu pai, mas com algo que, até hoje, me acalma.

E, assim, passei a me chamar Luana, nascida da Lua.

É preciso dizer que ninguém se chamava Luana e eu precisava ficar repetindo toda vez que me apresentava – o que não adiantava muito, porque logo eu escutava alguém falando Luciana, Luane, Luísa, Lúcia e até Bruna ou Camila.

Então eu não gostava do meu nome, até bem pouco tempo atrás. Só que até bem pouco tempo atrás eu não entendia uma porção de coisas (e a maioria delas segue assim mesmo).


Por outro lado, entendi outras

foi mais ou menos assim, ou o inverso


Entendi que a vida é mesmo feita de ciclos, que tudo passa, e que tudo que acontece, quando a gente aprende a respeitar e processar, acontece por alguma razão.

A partir daí existem pelo menos duas opções: acreditar nisso sem nenhum embasamento adicional (hoje sou capaz de reconhecer que nem tudo precisa de explicação) ou não acreditar tão facilmente.

Se você e o ceticismo são íntimos – e não duvide que este não deixa de ser o meu caso – há um outro viés pelo qual olhar, e você nem precisa seguir uma religião ou ser espiritualizado. Basta que você imagine o seguinte:



pode ser que a razãde as coisas “serem” somos nós que criamos a partir da interpretação que damos ao que acontece.


Basicamente, não importa no que você acredita: basta que você aceite que não pode controlar tudo. Portanto, gerenciar os acontecimentos é a única opção disponível. Fazemos isso o tempo todo. Mas o modo como fazemos dá toda a diferença.

E é assim que passa

tudo é uma questão de perspectiva


Do jeito que você escolhe olhar para cada coisa. Porque vai passar. E existe um campo fértil de possibilidades para cada uma dessas coisas.

Coisas boas, coisas ruins. Coisas neutras que ás vezes deixamos de dar atenção mas fazem uma diferença danada quando são juntadas num punhado de tempo, de anos, de experiências.

Eu precisei de tudo isso: anos, experiências, feridas abertas prejudicando minha vida, fugas e desencontros de mim mesma. Muita negação ruindo.

Foi um longo processo onde mudanças imprescindíveis aconteceram. Até que cheguei aqui: a lugar nenhum importante para alguém, mas fundamental para mim.

Porque nenhuma das minhas mudanças mudou no mais gostoso de ser eu.

 

Mudando sem mudar


Mudei muito desde aquele 1990, mas a minha essência permaneceu lá dentro, esse tempo todo, intacta.

Trocou de forma. De tamanho. Se escondeu. Aborreceu-se, omitiu-se. Hora ou outra dava um sorriso e saía dançando, mas logo se amuava num canto, cansada de ser ignorada mais uma vez.

Só quando eu senti minha falta e descobri que precisava dela para me achar, decidi encontrá-la. E descobri que eu não sou o que eu imaginava que seria aos 29.

Se teve uma coisa que eu não me tornei, foi a Luana adulta que eu imaginava quando criança. Essa “Luana de 29 anos” não chega nem perto daquela projetada pela mente da Luana de quatro, doze, dezesseis.

Ainda bem.

Eu gosto muito mais dessa versão.

Nela eu aprendi uma porção de coisas que nem minha idealização infantil mais bonita seria capaz de supor. A maioria delas não são coisas fáceis de explicar, tangibilizar, ensinar.


Mas eu vou tentar. É por isso que estou aqui.

Então, prometo ser sempre honesta. Porque você precisa saber algo sobre mim: não consigo dizer algo em que eu realmente não acredite com toda minha força.

Por outro lado, como você pode ter notado, acredito que mudar de opinião, de ideia, de sonhos, faz parte de crescer – foi assim comigo, e se você está presente é ou será com você também.

Portanto, esteja ciente: estou muito longe de ter respostas – inclusive, faz tempo, elas deixaram de ser objeto de desejo. Porém, sigo curiosa.

Metamorfose Ambulante - Raul Seixas
“Prefiro ser essa metamorfose ambulante. Mas sou inevitável e tô vivão, seus bosta.”


Assim, espero que você entenda e lembre que nada do que trago são paridas como verdades absolutas. São percepções que decidi compartilhar por entender que podem ser construtivas em algum ponto da SUA jornada, como foram ou têm sido da minha.

Também não tenho intenção de agradar você.

Mas sou ousada o suficiente para sonhar que um dia, você entenderá algo novo sobre você mesmo enquanto estiver lendo algo por aqui, algo que te ajude a ser de um jeito que te deixe mais feliz.

Então, eu espero, do fundo do meu coração, te ajudar a encontrar suas peças e montar pelo menos um pedacinho do seu quebra-cabeças, enquanto quebro a cabeça buscando caminhos para decifrar o meu.

Sinta-se em casa. Senta aí e fica a vontade.


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